Acusações sobre possíveis manobras no Conselho de Ética de aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levaram dois deputados a baterem boca e a serem contidos pelos colegas para que não se enfrentassem fisicamente.
O conselho avalia o rito de cassação de Cunha, acusado de mentir em sessão plenária sobre a existência de contas suas no exterior, o que é considerado quebra de decoro parlamentar.
A briga envolveu os deputados Zé Geraldo (PT-PA) e Wellington Roberto (PR-PB) e foi motivada pelo questionamento de Paulo Azi (DEM-BA) sobre se havia um requerimento para que o conselho pedisse o afastamento de Cunha da presidência da Câmara, por acusações de que ele estaria usando o cargo para atrapalhar o andamento do processo contra ele.
A discussão começou quando Roberto criticou a possibilidade do requerimento. “Isso é um golpe”, disse. Zé Geraldo devolveu: “A turma do Cunha quer bagunçar aqui hoje. É tudo bagunceiro”, afirmou o petista.
Os dois partiram para o enfrentamento físico após acusações mútuas de que um teria tocado o outro. Eles estão sentados em fileiras próximas no plenário do conselho.
“Você fala o que você quiser, mas não me toque”, disse Geraldo. “Macho nenhum vai tocar em mim”, afirmou Roberto.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), não confirmou a existência do requerimento para afastar Cunha e criticou a postura dos deputados.
Na sessão, foi oficializado o novo relator do processo de cassação do deputado, Marcos Rogério (PDT-RO), que substitui Fausto Pinato (PRB-SP) após manobra articulada por Cunha na quarta-feira (9) – a justificativa era de que o seu partido havia ajudado a eleger o deputado presidente da Câmara. Como seu antecessor, Rogério deve votar pela admissibilidade do processo. Novo parecer deve ser apresentado na terça-feira (15).
A troca de relator dificultou ainda mais a possibilidade de o Conselho de Ética decidir ainda neste ano se dará prosseguimento ao processo de cassação do deputado fluminense.